terça-feira, 5 de janeiro de 2010

Causadores Divinos da ‘Perturbação’

Levando em consideração os vários comentários a cerca do Livro dos nomes mortos escrito por Abdul Al Hazred - foi feita uma analise parcial sobre as forças opostas no processo de criação, levando em conta, também, estudos a cerca dos deuses do Antigo Egito. – É interessante deixar claro que não estamos afirmando nada sobre a veracidade da existência de Abdul Al Hazred uma vez que um grupo seleto de estudiosos afirma que Al Hazred nunca tenha existido.

Analisando alguns fragmentos de “O livro dos nomes mortos” onde comenta a cerca dos Antigos
sua descendência, temos:

“Os Antigos avidamente oprimiram os caminhos das trevas e suas blasfêmias inundaram a terra, a criação inteira inclinou-se diante de sua potência e reconheceu sua perversidade. [...] Os deuses mais antigos, co-criadores (e partes da criação), expulsaram-nos da Terra para o vazio dos espaços onde reina o caos e que não abrigam qualquer forma.”

Lembrando apenas que toda a história humana indicia que desde sempre o Caos se faz presente neste processo infinito de evolução cosmogónica que, miticamente ou não, sempre representou o próprio homem, entre a razão e a fé, nas suas diversas facetas culturais. Sabemos que este é apenas um fragmento radical a cerca da necessidade humana que percorre toda a extensão da terra na tentativa de encontrar o “portal” de acesso a real compreensão da nossa existência.

No Egito, a força primordial, o Caos original, chamava-se Num que a partir do “Nada” “Tudo” se criou. Seus mitos ganharam forma e contribuíram para criação de tudo o mais. Assim acontecia que o mundo não era exatamente conforme a ordem divina. Muitos deuses misturavam-se a esse drama e assumiam o papel de inimigos nas intrigas míticas. A serpente Apófis era um ser liminar, uma ressurgência no universo organizado da inorganização primordial, uma das forças do não-existente que perturbava o existente. Quando a fome se abatia sobre o país, era porque a barca de Ra encalhara no “Banco de areia da serpente Apófis”.

Seth, tão brutal e perigoso como Apófis, era, ao contrario, um dos elementos da criação. Com certeza um elemento desordenado, o vento quente que varria o deserto, o eterno litigante e rival de Hórus, mas que figurava honrosamente nos grupamentos divinos.[...] – Em suma, os causadores de perturbações pertenciam a duas categorias: de um lado, o agitador, o mal necessário, Seth, o intratável e seu diversos avatares (Crocodilos, serpentes, escorpiões, asnos e etc.), de outro, Apófis e suas transformações (Serpente, Nehaher, Nik, Rik etc.). Inimigo mortal de Rá, Apófis era o niilista da catástrofe final. Para ele não se tratava de levar perturbação ao mundo, mas de suprimi-lo.

Ainda em outras culturas encontramos outros mitos, causadores de perturbações, que ao longo das eras contribuíram para o processo de construção, destruição e reconstrução do nosso Universo, lançando nas mãos do acaso o futuro da humanidade que se submetia às conseqüências da perturbaçã o gerada a partir da Vontade divina.

Considerando que nem todos os mitos travaram lutas entre si, a maioria, se não todos, de uma forma ou de outra, interferiram no ciclo transmutativo do Universo, entre eles: Thor, deus guerreiro escandinavo e correspondente ao mito védico Indra, costumava festejar suas vitórias sobre as forças do Caos, não hesitou em adornar-se de noiva para recuperar seu precioso martelo e destruir Thryn e assim manter seu povo a salvo e em paz.

Ahriman, deus das trevas no mazdeismo, causava o desalento da humanidade por oposição a Ormazd que é a manifestação do Infinito no que tange a benignidade no Universo, por esta razão seus crédulos sabem que a derrota de Ahriman é certa e por esta razão e também por devoção e confiança a Ormazd eles se mantêm firmes mesmo quando suprimidos pelo mal de Ahriman.

No panteão induista, Shiva representava a selvageria indomada, o guerreiro transformador que destrói para construir algo novo, enquanto Vishnu era o deus destruidor daqueles que ameaçavam a boa ordem.

De Pan Gu, originador de todas as coisas na cosmogonia chinesa, surgem duas forças, dois extremos ou princípios universais que irão formar novas combinações que causarão o desequilíbrio e o equilíbrio no Universo. Já na Babilônia, Marduk, depois de derrotar Tiamat, utilizou-se dos restos dessa “personificação do mar” para criar todo o Universo e é justamente com o sangue de Kingu, deus rebelde e desordeiro, que Marduk cria os homens, talvez este seja um ponto de consideração quando as manifestações desordeiras de Kingu através das ações humanas.

Para o homem crédulo e tolo, todos os acontecimentos, são manifestações das deidades em que crê em, muitas vezes interpretadas como castigo e condenação por alguma falha humana, insatisfação, e como provisão dévica que representam a satisfação divina quanto a “relação” entre o homem e a deidade. Porém para os sábios, as manifestações supostamente divinas são apenas representações dos ciclos de transformação física do Universo que interferem na condição existencial humana.

É certo que grandes nomes de buscadores alquímicos, gurus alienados na busca da compreensão do Todo, criaram meios para compreender o funcionamento do Universo sem olharem para dentro de si mesmos e por desaperceberem o fato de que são “parte” Daquilo que também não está aqui, descreveram diversos caminhos, mas nada comprova que os acessaram.

Abdul Al Hazred, seja um personagem fictício ou não, revelou o caos dentro de si cada vez que negava as manifestações do conhecimento que adquirira chegando a ponto de enlouquecer sistematicamente entre a linguagem dos Deuses mais velhos e a linguagem deturpada do homem. No entanto Al Hazred descobriu o caminho da Grande Raça e foi tomado por Cthulhu, talvez como gratificação por ter-se dado conta de que era “Um” dentre “muitos”. A cada microsegundo de existência o ser humano com seus infinitos fragmentos do Universo, sendo ele próprio um fragmento, encontra-se num novo estágio de subversão sintética sempre em busca da transformaçã o necessária para canalizar a linguagem de acesso ao portal do mundo daqueles que estão além do nosso tempo e espaço.

Para melhor entendimento seria interessante analisar o texto: “Co-herdeiros do Caos”

Iniciado por Frater AhaZeD

Concluído por Yunasai Nibiruana

Publicado por Thenebris

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