quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

Dualidade Primitiva

Falaremos de um assunto delicado e que de certo modo não pode ser explicado ou comparado através de modelos existentes, ou seja, através de nossos paradigmas a cerca da dualidade, do que está no alto e do está no baixo, do caminho da pomba e do caminho da serpente. Quando nos referimos aos Antigos, ao Caos Inicial estamos nos referindo a uma força que de certo modo é alheia à concepção humana enquanto presos no paradigma “dualidade” – Estamos nos referindo a uma força primordial e que estava presente muito antes da Criação. Analisando todas as culturas e afirmações a cerca da Criação podemos verificar que todos comentam a cerca de uma passagem do Caos para Ordem, aonde essa ordem vem acompanhada da Origem da vida, da luz. Olhando por outro ângulo, ainda que em outras proporções, a vida, mesmo em outra concepção de “tempo” foi originada de forma similar no Plano Astral.
Essa criação, essa origem da vida no plano astral nos proporciona, em partes, o modelo utilizado pelos judeus, a árvore da vida com todas as suas esferas superiores e esferas inferiores, o que nós dá, novamente, a idéia de ‘dualidade’ – Duas forças originadas na Criação... E ainda que pareça confuso associar as forças pertencentes às esferas inferiores com a Ordem; devemos considerá-las, também, elementos desta Ordem originada do Caos.
De forma que não podemos trabalhar com forças primordiais, referentes a um ‘tempo’ anterior à criação usando os modelos conhecidos. Esses modelos nos dão uma visão parcial até determinado ponto, porém não existem explicações a cerca deste Caos Primordial, do que existia antes da Criação, antes desta separação entre Luz e Trevas, talvez em um tempo anterior a essa criação; de alguma forma essa Luz e Trevas estavam fundidas em uma coisa só e essa separação entre luz e trevas tenha sido um dos fatores que fez com que a Criação viesse a ser possível.
A inclusão dos elementos situados nas esferas inferiores pode ser exemplificada através de Seth; que lutava contra a serpente Apófis que era um ser liminar, uma ressurgência no universo ornizado da inorganização primordial, uma das forças do não-existente que perturbava o existente, ou seja, Seth ainda que supostamente fosse considerado um deus negro, ‘pertencente’ a essas esferas inferiores, lutava contra as ressurgências do não-existente, contra o Caos Inicial; em resumo era um ser pertencente à Ordem.
Como foi comentado em outros textos é interessante deixar claro que não estamos afirmando nada sobre a veracidade da existência de Abdul Al Hazred uma vez que um grupo seleto de estudiosos afirma que Al Hazred nunca tenha existido.

Mas analisando alguns fragmentos de “O livro dos nomes mortos” onde comenta a cerca dos Antigos e sua descendência, temos:

“Os Antigos avidamente oprimiram os caminhos das trevas e suas blasfêmias inundaram a terra, a criação inteira (Esferas superiores e inferiores) inclinou-se diante de sua potência e reconheceu sua perversidade. [...] Em sua cólera, os outros deuses (pertencentes à criação) voltaram-se contra os Antigos e [...] os expulsaram para o vazio dos espaços [Zona Malva] onde reina o caos e que não abrigam qualquer forma.”

Para muitos, a partir do momento em que a luz se separou das trevas, a luz deu origem a dualidade; dentro da árvore da vida as esferas superiores e inferiores, porém com o passar do tempo o conceito ‘trevas’ foi atribuído aos elementos pertencentes às esferas inferiores, uma vez que as Ressurgências deste Caos Primordial personificadas através dos Antigos tenham sido Banidas e Esquecidas.

Porém uma coisa que muitos desconsideram é que essa Criação partiu do processo de separação desta Luz e Trevas, partindo do Caos, junção dos dois, para a Ordem, fonte da dualidade. – Os Elementos que foram criados a partir da Luz só conheceram a Luz, não poderiam voltar à essência primordial que também estava contida nas Trevas, porém as trevas contidas no Caos Primordial conheceram a Luz e tinham acesso a todas as suas derivadas, toda a Criação. E foi a partir daí que essas ressurgências do não-existente passaram a perturbar os frutos desta Criação e consequentemente os deuses pertencentes a essa criação, que não conheceram o Caos em essência, lutaram para banir essas forças para dimensões desconhecidas. Porém essa perturbação causada por essas ressurgências era fruto do fato de que a criatura, o homem, não conheceu sua essência, só conheceu parte dela, só conheceu o que estava na luz e o conhecimento advindo das Trevas pertencentes ao Caos Inicial causava dissonância cognitiva, ou seja, os deixavam atordoados, pois não a conheciam.

Após tanto se falar a cerca das forças pertencentes às Esferas Superiores e Esferas inferiores situadas na árvore da vida, de todo um paradigma baseado em dualidade, alto e o baixo, finalmente estaríamos nos deparando com uma terceira força? Uma força pertencente à Essência, ao Caos Inicial, uma força que de certo modo é temida por todos os elementos pertencentes a essa dualidade... Uma terceira força, mas a original; a faísca do Caos Inicial que carregamos dentro de nós?

Antes, em nossas mentes, só havia o Superior e o Inferior e as forças neles representadas, a dualidade pertencente a somente Um dos elementos do Caos Inicial, a luz... Mas agora, temos a ressurgência do não-existente... Um terceiro elemento pertencente à Essência e que de certo modo nos causa receio. Isso é o Caos Primitivo, é a terceira força que toda a dualidade teme, mas a teme porque não foi feito dela, mas de uma parte dela, porém em essência somos parte dessa força, ainda que em fragmentos... Logo , cabe a nós decidirmos, continuar-mos na luz e ver-mos somente o que há nela ou voltar a Essência onde cada elemento, enquanto face deste Caos Primordial consegue ver através das ilusões... Através das trevas e da luz.

por Frater AhaZeD

Publicado por Thenebris

Nenhum comentário:

Postar um comentário


Contador Grátis